
Jardineira da Santa Terezinha. Foto: acervo Farruki Petrin
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Matéria publicada originalmente em 2008, no Blog do Madeira.
Jardineira Ford da empresa Santa Terezinha, modelo 1943, com lotação de 25 lugares, que fazia a linha de Varginha a Boa Esperança. A foto foi tirada na rua Wenceslau Bráz, atualmente onde é o Supermercado Carvoeiro [hoje, Alvorada]. Enviada por Farruki Petrin, da Santa Terezinha.
No ano de 2005, a Empresa de Transporte Santa Terezinha Ltda. comemorou 60 anos do início de seu trabalho. A história foi contada ao Blog do Madeira pela saudosa senhora Julieta Pereira Gomes.
Natural de Santana da Vargem (MG), Dª. Julieta relata que a Empresa de Transporte Santa Terezinha começou em 1945, com apenas um ônibus (jardineira Ford, modelo 1943, com lotação de 25 lugares), fazendo a linha de Varginha a Boa Esperança.
Nessa época, possuía apenas um motorista e um cobrador, os quais, quando faltavam, eram substituídos por ela.
Conta, também, que fazia e vendia doces caseiros para ajudar a pagar o veículo.
A primeira sede da empresa foi em Boa Esperança, onde D. Julieta morava com a família. Lá, a empresa começou a crescer com a aquisição de um outro veículo: Chevrolet de 26 lugares, com maleiro na parte superior.
O ônibus da Santa Terezinha saía de Boa Esperança às 5:00h e chegava em Varginha às 11:00h, retornando à cidade de origem às 14:30h. As estradas eram de terra. Se chovia muito, acontecia do ônibus ficar dias sem circular. Era usual carregar como ferramenta um enxadão ou enxada, muito útil para desatolar o ônibus, não poucas vezes. O ônibus passava pelas cidades de Coqueiral, Santana da Vargem, Três Pontas e Varginha, o que viria a constituir a sua primeira linha intermunicipal.
Em meio às dificuldades próprias do empreendimento, D. Julieta conseguiu impulsionar o crescimento da empresa e fazia questão de receber e coordenar o fluxo das encomendas, verificar a saída de cada carro no Terminal Rodoviário e desejar uma boa viagem aos passageiros. À noite, antes do merecido repouso, consertava, pessoalmente e sozinha os bancos eventualmente danificados.
A simplicidade e dedicação desta senhora, ocultava a empresária e a revelava como “empregada da empresa, fazendo com que alguns passageiros lhe dessem gorjetas, como forma de reconhecimento ao seu esforço e presteza.
Não raro, algum passageiro sem dinheiro, necessitado de realizar a viagem, oferecia rádio de pilha, relógio e… até botina, em pagamento da passagem. Pitorescamente, D. Julieta aceitava a oferta. Não seria por isso que o passageiro não realizaria a viagem.
Em 1958, a Santa Terezinha conseguiu a concessão de sua primeira linha interestadual: Três Pontas / São Paulo. Novas aquisições de ônibus para suprir o transporte: dois monoblocos Mercedes Benz, com lotação para 36 passageiros, totalizando, então, 12 veículos.
Entre 1961 a 1973 a empresa adquiriu mais quatro ônibus da marca Scânia Vabis e outros quatro da marca Mercedes Benz, ambos com carroçaria Ciferal.
Na cidade de Varginha, a garagem da empresa passou por vários endereços. Inicialmente, na Rua Rio de Janeiro, depois na Av. Major Venâncio e a seguir na Av. Princesa do Sul (hoje, Supermercado Alvorada).
Em 1980, acontecia uma desagradável surpresa: seu consorte pediu-lhe o desquite. Nos entendimentos de partilha dos bens comuns do casal o consorte a pressionou com uma proposta: ela deveria escolher entre ficar com os imóveis e viver confortavelmente dos aluguéis, ou a empresa.
Batalhadora incansável, com rara e larga visão empresarial, sem medo, surpreendeu o consorte. Optou por ficar com a empresa. Insatisfeito e desapontado com a opção da D. Julieta, o Sr. Vettore Paganini requereu o seu despejo da garagem da empresa.
Notificada, D. Julieta não se abateu e, antes do tempo aprazado desocupou o imóvel, financiou a compra de novos veículos, mais a compra do terreno que, hoje, abriga a matriz da empresa, na Av. Manoel Vida, em Varginha. Ato contínuo e com a audácia que caracteriza os grandes empreendedores, adquiriu terreno na capital de São Paulo, instalando lá a sua garagem de apoio, em funcionamento até esta data. Com o apoio de seus filhos Orlando Luis Petrin e José Valter Petrin, D. Julieta continua o caminho de empreendedora.
Seu capital foi, exclusivamente, sua aguda visão empresarial aliada à sua determinação, à sua coragem, e, destemida e inabalável fé em sua capacidade de trabalho.

Em consequência de projeto de autoria do então eminente parlamentar municipal, Vereador Dr. Walter Clemente de Andrade, com aprovação unânime de seus pares, o município de Varginha, como expressão do reconhecimento de sua efetiva participação e contribuição para o desenvolvimento socioeconômico da cidade e da região, homenageou-a em 12 de dezembro de 1995, em sessão solene da Colenda Câmara Municipal, com a outorga do título de cidadã honorária de Varginha.



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