
A contaminação e as mortes pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) em Minas Gerais mais do que dobraram o ritmo em 2021, na comparação com o período entre o fim de 2020 e o pico da primeira onda, em junho de 2020, segundo dados das secretarias municipais de saúde. Uma média diária da desolação deixada pela COVID-19, no comparativo dos dois intervalos, mostrou que neste ano as mortes no estado se elevaram 112,4%, de 54,5 para 115,8 por dia. Os testes positivos escalaram 131%, passando de 2.498 para 5.782 a cada 24 horas.
Nos 10 maiores municípios do estado a história se repete e por isso seis deles enfrentam um dos momentos de maior restrição de atividades. Com isso, as projeções de especialistas de sete universidades federais mostram que o estado terá novo ápice de contaminações. Se o nível de afastamento social e comprometimento com as ações de higiene e prevenção forem bons, Minas desacelera em cinco dias com 2.075 doentes ou poderá enfrentar uma escalada até o dia 22 deste mês e 26.169 casos ativos.
A reação do governo de Minas Gerais foi criar uma fase ainda mais restritiva em seu programa Minas Consciente de controle da doença e flexibilização de atividades. Quase um quarto dos municípios mineiros estão sob toque de recolher e proibição de atividades não essenciais, englobando 194 (22,7%) municípios dos 854 do estado – 4,6 milhões de mineiros. Outras seis regiões somam 430 municípios que se encontram à beira desse patamar de praticamente lockdown, na Onda Vermelha, que era a mais crítica até a concepção da Roxa, na quarta-feira passada.
Levando-se em conta a média dos 10 municípios mais populosos de Minas Gerais (Belo Horizonte, Uberlândia, Contagem, Juiz de Fora, Betim, Montes Claros, Ribeirão das Neves, Uberaba, Governador Valadares e Ipatinga), que reúnem 6,5 milhões de habitantes, quase um terço do estado, o ritmo de mortes diário foi 74% mais acelerado em 2021 do que entre junho e dezembro últimos, de 2,38 mortes todos os dias para 4,14. Os casos confirmados saltaram 109%, de 92 para 192,1 na média a cada 24 horas.
Mais jovens
O patamar contínuo em nível elevado da ocupação de UTIs (80%) e leitos clínicos (77%) nesses municípios ajuda a entender a aceleração, principalmente quando se observa o perfil dos doentes, segundo médicos especialistas. Os internados com menos de 60 anos nos dois setores crescem mais rápido e são maioria nos hospitais. A conta é que com a queda da idade, o tempo de permanência aumenta, consequentemente menos leitos ficam disponíveis para o mesmo número de pacientes graves. O que não se sabe ainda é se a média de idade dos internados caiu por efeito das poucas doses de vacina em idosos, pela ação das variantes que contaminam mais e com mais gravidade os mais jovens ou se pelo somatório dos fatores.
“Números que assustam ainda mais que a quantidade (de mortes e de casos). Lembrando que mais internações indicam mortes futuras. (A probabilidade de morte dos internados em UTIs é) difícil (de se prever), depende do perfil, mas uns 20% é provável. Estamos na maior saturação da história e com diversos hospitais e cidades completamente sem leitos com claro efeito de gargalo na entrada da UTI”, declarou o médico Márcio Sommer Bittencourt, pesquisador do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital da Universidade de São Paulo (USP) e professor da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein. Em MG as UTIs estão com ocupação de 78,12% e os leitos clínicos 69,15%.
Dos 10 municípios mais populosos de Minas Gerais, Juiz de Fora foi onde as mortes pela COVID-19 aumentaram mais rápido neste ano. A cidade, de 568 mil habitantes, perdia 2,2 pacientes por dia para o vírus entre junho e dezembro de 2020 e passou a ter um ritmo 131,8% maior de óbitos em 2021, com 5,1 falecimentos diários. Na sequência, Uberlândia apresentou 124,2% de aceleração, de 3,3 para 7,4 mortes.
Fonte: Estado de Minas
Comentários
Postar um comentário