
Pelo placar de 12 a 2, os vereadores de Varginha aprovaram, na noite dessa quarta-feira (13/1) o projeto de lei da prefeitura que vai criar a multa para quem não usar máscara em locais públicos. A presidente Zilda Silva não votou (só é necessária intervenção da presidente em caso de empate).

Os vereadores preferiram dar a cara a tapa, em uma votação impopular mas, no entendimento dos “edis”, necessária.
Foi uma reunião boa de se assistir, conhecendo os vereadores e seus pontos de vista.
O vereadores emendaram o PL, determinando que a prefeitura forneça máscara para quem não tiver. O valor da multa será definido pela prefeitura por meio de decreto.
Dudu Ottoni (PTB) e Marquinho da Cooperativa (Republicanos) votaram contra.

Dudu disse que é a favor da máscara, mas contra a multa. “A população não aguenta mais pagar impostos, o presidente [Bolsonaro] não vai mais pagar auxílio, multar logo de cara é muito pesado. Sabemos que a prefeitura realiza uma campanha intensa de conscientização desde 18 de março do ano passado, acho melhor uma advertência antes de dar multa”.

Por sua vez, Marquinho (acima) justificou seu voto contrário falando do desemprego que assola a cidade, do corte do auxílio do governo federal. Afirmou que penalizar não é correto, mas sim buscar recursos e ajuda. “Nós lembramos o que aconteceu quando autorizamos a Guarda Municipal a multar carros, é uma arma que estamos dando. Uma máscara custa 5 reais, muitas vezes uma mãe não tem dinheiro pra comprar um litro de leite pro filho. Sou a favor da máscara, não da multa”.

Dr. Lucas (PSDB) afirmou que, até a vacinação, o uso da máscara é o único meio de prevenção, juntamente com o distanciamento social e uso do álcool gel, como forma de reduzir os efeitos da irresponsabilidade de parte da população que comparece em festas e aglomerações. “Faz um ano que a prefeitura conscientiza a população e não abrandou. Não falta informação. A vacinação, só no final do ano que vai normalizar. Ainda vai levar tempo para estar livre dessa pandemia”.

Dan Dan do Mercadinho (Podemos) disse que a conscientização não resolveu. “Sou comerciante, muita gente usa a máscara só na hora de entrar no estabelecimento. Minha mãe tem 70 anos, tenho familiares com problemas de saúde. O aumento no número de casos está muito grande em Varginha, temos que pensar nos nossos familiares. Só a obrigatoriedade vai resolver”.

Cabo Valério (Cidadania) disse que o valor da multa será definido por decreto (provavelmente 50 reais). Afirmou que a medida vai contribuir para evitar novo lock down em Varginha. “Pedimos respeito ao próximo. Donos de ranchos nos fundos no Clube Rio Verde, por favor tenham consciência, não pensar só em dinheiro. Vamos usar um termo militar, disciplina consciente”.

Carlinho da Padaria (Podemos) disse que perdeu um grande amigo que morava no Sion (“Um dos bairros mais infectados de Varginha”) e que tem amigos internados. “A máscara não é tudo, mas é uma proteção”.

Joãozinho Enfermeiro (PSC) lembrou que trabalha com prevenção em saúde há 40 anos. “Infelizmente só vamos conseguir resultado se tiver punição. Quando a prefeitura punir 4 ou 5, a pequena parcela da população que ainda não usa máscara vai ter consciência. E não é pobre, não. São jovens de classe média e alta, que vão nas baladas clandestinas”.

Reginaldo Tristão (PSB) disse que só quem passou pelo problema sabe a seriedade do caso. “Ouvi a população, sindicatos, empresários. Me preocupa a possibilidade de voltarmos a ter um lockdown, a população sofreu muito no primeiro fechamento do comércio. Muita gente perdeu emprego. Se não tomar uma ação, infelizmente pode voltar a ter um lockdown. Peço à prefeitura que aja com carinho em relação às pessoas que estiverem sem máscara. Primeiro orientar, dar a chance de se defender e, depois, multa”.

O vice-presidente da Câmara, Rodrigo Naves (PSB) disse que os médicos, enfermeiros, técnicos, profissionais da Saúde estão pedindo para usar a máscara. Citou Deus: “O primeiro pecado não foi comer o fruto proibido, mas a desobediência. Pela educação não foi possível, infelizmente teremos que adotar esse remédio amargo. Como diz uma amiga minha, do [Residencial] Rio Verde: ‘Antes máscara no rosto do que intubado no hospital'”.

Dr. Guedes (PTB) disse que tem 60 anos e atua na linha de frente. “A educação é interessante, mas na hora que mexe no bolso, a pessoa obedece. Infelizmente a multa será uma das formas de tentar diminuir o avanço da Covid019”.

Apoliano do Projeto Dom (PP) disse que a situação vai começar a gerar segurança só quando tiver a multa. “O valor pode gerar desconforto, mas é a realidade de Varginha, a necessidade para mais vidas não serem perdidas”.

Thulyo Paiva (Avante) lembrou que a divulgação da forma de prevenção ocorre desde março do ano passado. “Agora, temos que ter mais responsabilidade. Foram 350 casos no fim de semana, mais de 100 casos hoje. Macas nos corredores dos hospitais. A conscientização foi feita, mas uma minoria da população não se conscientizou. A primeira dose está marcada para 25 de janeiro. Acredito que no segundo semestre teremos números mais positivos”.

Cristóvão (Podemos) perdeu um amigo do grupo de oração. “Há um ano, raras vezes fui na casa do meu pai e da minha mãe. Liguei pra minha mãe outro dia, ela falou: ‘Filho, tou com saudades’. Falei que agora não é o momento, mas vamos melhorar. Quanto custa uma vida? Cinquenta reais? É incalculável”.
O projeto de lei emendado vai hoje (14/1) para a prefeitura, para sanção do prefeito Vérdi Lúcio Melo (Avante).
A próxima reunião da Câmara Municipal será dia 1 de fevereiro.
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