Artistas na luta pelo sustento durante a pandemia aguardam a Lei Adir Blanc para se movimentarem

 

Foto: Divulgação
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 Em meio a grave crise provocada pela covid-19, todos os tipos de eventos culturais, que movimentam a economia das localidades em quase todo o mundo, foram cancelados. As cortinas se fecharam bruscamente, o mundo parou obrigatoriamente e a cultura não foi diferente. Grupos de teatros, artesãos, músicos, dançarinos, empreendedores da cultura ficaram desamparados. O desemprego bateu na porta de quem nunca havia ficado em situação de não ter o que fazer. 

Marcelo Nascimento em entrevista à TV Princesa no mês de abril de 2020 falou sobre os planos de lançar o livro biográfico romanceado que escreveu sobre Nhá Chica e ainda não conseguiu. 

No momento em que os espaços culturais precisaram adotar o fechamento como medida de combate à covid-19 e eventos cancelados pelo mesmo motivo, a maioria dos artistas tiveram a renda zerada, não imaginavam se verem numa situação difícil.  Um dos exemplos do meio artístico sul mineiro é o ator, escritor e cineasta Marcelo Nascimento que sempre estava com eventos em constante atividades, da noite para o dia viu as portas fecharem para suas apresentações de teatros e até frustrou vendo o seu livro sobre Nhá Chica, ainda inédito não ter entrado na gráfica por falta de patrocínios.  O auxílio emergencial foi uma pequena solução que o ajudou a equilibrar pelo menos o básico da sobrevivência. Há mais de trinta anos na área cultural, Marcelo nunca imaginou que em plena fase de produção e com muita vontade de trabalhar no que sempre amou fazer como a literatura e o teatro fosse ter que ficar parado. “Estou sem fazer nada, porque não há o que fazer sem o público, não poder fazer eventos com presenças de pessoas como eu sempre fiz me dá uma grande tristeza e ansiedade, rezo e penso positivo para que tudo passe logo, porque não sou só eu que estou nesta situação”, destacou o produtor cultural. Marcelo tem esperança que com a Lei Adir Blanc que veio amparar os artistas, possa lançar o livro sobre Nhá Chica ainda este ano e não ter 2020 como um ano totalmente perdido na carreira. “O que fiz de positivo neste tempo foi escrever um outro livro que está na gaveta e em 2021 poderei lançar, só adianto que é sobre a Princesa Isabel”, contou entusiasmado.  

Carlos Roberto Francisco o empreendedor cultural teve as atividades de sua pequena empresa de Micro empreendedor individual, continua batalhando como artesanatos, mais espera retornar as atividades da produção cultural assim que passar a pandemia
 
Outro profissional atingido pela pandemia foi o produtor Carlos Roberto Francisco que esperava ampliar os artesanatos no qual tem o prazer de produzir e vender. A Covid 19  fez muitas coisas não serem prioridades numa hora como esta, o artesanato foi uma delas. Com menos dinheiros em caixa, a maioria das pessoas só pensaram no básico. Assim não foi diferente com Carlos Roberto que ainda sim, continua produzindo e aguardando um momento melhor para aumentar a produção que por hora é caseira e razoável. “O pouco que eu vendo, já me ajuda. Se Deus quiser no ano que vem tudo voltará ao normal e os meus planos é ampliar”, destacou ele, que é Micro Empreendedor Individual. Ele também está à espera do Auxilio Emergencial da cultura que vai lhe ajudar muito, mostrando se muito esperançoso.
 
A atriz e artesã Leonora da Costa lutando com os artesanatos para ajudar o marido no orçamento doméstico, ela  não vê a hora de voltar com os teatros infantil do qual sente tanta falta
 
Outra atriz esperançosa com a Lei Aldir Blanc é Leonara da Costa que participa do Grupo Cia Uai de Teatro, no ano passado ela fez diversas apresentações com o Espetáculo “O Encantado Mundo dos Livros” ao lado de sua mãe Fatima Custódio, Leonara também é artesã e está se valendo do pouco que vende para complementar a renda familiar ao lado do marido que é panificador. “Estamos lutando bravamente para manter o necessário em dia, eu canto, rezo e brinco, neste momento as coisas tem que ficar menos pesadas apesar disse tudo, está pandemia, Deus me livre; contou ela sorridente apesar de fazer parte do grupo de risco da Covid 19 por ser asmática em forte grau.  “O artesanato me ajuda a ficar menos tensa e quando recebo encomendas o dia fica muito melhor”, completou.  
 
Leah Haddad com seu estúdio de dança lotado em 2019, agora sem dar aulas. Tem esperança e aguarda dias melhores com a esperada volta da normalidade. 
 
Leah Haddad com seu estúdio tão tradicional no Mercado Municipal na área da dança do ventre foi outra que viu sua escola sempre repleta de alunas minguar, “fechei junto com o comércio e até hoje não voltamos a normalidade, não sei quando voltará, as pessoas estão com medo, até eu tenho muito medo. Espero que 2021 a gente possa dançar o dobro pelo que não dançamos este ano” disse sorrido e esbanjando simpatia a dançarina e professora que deseja ver novamente a sua escola cheia de alunas como sempre foi. “Estou desempregada por pouco tempo, sei que a vacina virá e tudo vai voltar ao normal; Deus é grande. Vamos dançar muito, vocês irão nos ver”.     
 
Lucas Ferreira o pintor e grafiteiro faz planos para retomar com tudo em 2021. Sonhando com sua exposição dos quadros

Lucas Ferreira que é pintor e grafiteiro é um outro artista varginhense atingido pela pandemia. Em diversos cantos da cidade podemos admirar suas pinturas nos muros embelezando a cidade, hoje seus trabalhos tiveram que entrar numa lentidão, até mesmo uma exposição que estava sendo montada com seus quadros em óleo sobre tela teve o cancelamento em 2020. O pintor e grafiteiro espera o momento certo para retomar o projeto da exposição que estava planejando e que iria marcar um sonho de ver suas obras avaliadas pela opinião pública. 
 
Estes são alguns dos exemplos de alguns artistas de Varginha que vivem da renda cultural e hoje sofrem os efeitos do financeiros provocados pelo isolamento obrigatório por causa da pandemia que exige o distanciamento a fim de não provocar a propagação da Covid 19. 
 
A esperança de todos eles estão na lei que o Senado Federal aprovou, em 4 de junho, “Lei Aldir Blanc (PL nº 1075)” já em vigor,  prevê a distribuição de quantias mínimas de uma renda para garantir a manutenção de empresas e espaços culturais e movimentar de alguma forma as atividades culturais por meios das lives ou outros projetos que não provoque aglomerações .
Artistas como Marcelo Nascimento, Carlos Roberto Francisco, Leonora da Costa, Leah Haddad e Lucas Ferreira podem serem beneficiados com este apoio o que será para eles um  recomeço pôs pandemia, usando da criatividade cultural para colocarem em pratica o que sempre fizeram e assim como milhões de pessoas pelo mundo afora agora mais do que nunca tem de usarem seus talentos para ganhar o pão e sobreviverem num tempo jamais imaginado por um bom roteirista de cinema. A realidade foi mais forte do que a ficção em 2020.

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