A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (FENTECT) decidiu encerrar a greve dos funcionários dos Correios nesta terça-feira (22), após mais de um mês de paralisação. Os grevistas se mostram contra a privatização da estatal, reclamam do que chamam de “negligência com a saúde dos trabalhadores” na pandemia e pedem que direitos trabalhistas sejam garantidos.
A greve teve início dia 17 de agosto com objetivo da manutenção do acordo coletivo de trabalho, que havia sido homologado pelo Tribunal Superior do Trabalho – TST em outubro de 2019. Em Varginha, aproximadamente 30 funcionários, cerca de 70%, aderiram a paralisação, o que afetou muito a entrega de correspondências. “Os trabalhadores dos Correios não tiveram outra saída, sem ser a greve. O único mecanismo que nós trabalhadores temos pra lutar contra a opressão, contra a retirada dos direitos, em defesa dos nossos empregos e sustento de nossas famílias, é a greve. Nós fomos empurrados pela direção da empresa para a greve. A direção a todo momento colocou somente no papel que os trabalhadores dos Correios era serviço essencial”, afirmou Higor Mendes, diretor do SINTECT-MG, em entrevista ao Varginha Online.
Em decisão na tarde da última segunda-feira (21), a maioria dos ministros da Seção de Dissídios Coletivos, do TST, consideraram que a greve não foi abusiva. No entanto, haverá desconto de metade dos dias parados e o restante deverá ser compensado. Além disso, somente 20 cláusulas que estavam previstas no acordo anterior deverão prevalecer. O reajuste de 2,6% previsto em uma das cláusulas foi mantido.
“É preciso desconstruir essa falácia que a direção da empresa, através de alguns meios de comunicação, está alegando que os profissionais dos Correios tiveram reajuste de 2,6%, isso se torna uma inverdade usando a base de cálculos dos benefícios retirados. Nós tivemos uma perda no poder de compra, com a exclusão das cláusulas do acordo coletivo de trabalho, de quase 48%, ou seja, foram retirados vários direitos históricos da nossa categoria”, afirmou o diretor.
Segundo a SINTECT-MG, foram retiradas 70 cláusulas de direitos em relação ao acordo anterior, como questões envolvendo adicional de risco, licença-maternidade, indenização por morte, auxílio-creche, entre outros benefícios. A entidade afirma ainda que desde julho, os sindicatos tentam dialogar com a direção dos Correios sobre estes pedidos, o que, segundo eles, não aconteceu. Alegam que, em agosto, foram surpreendidos com a revogação do atual Acordo Coletivo que estaria em vigência até 2021. “Os trabalhadores dos Correios perderam a maioria dos benefícios, mas não perderam a dignidade. Nós sabemos do nosso compromisso com a população, com o povo brasileiro e, acima de tudo, mostramos para as outras categorias, principalmente as empresas estatais, que é necessário lutar, encarar a realidade que é dura, mas é nossa. O nosso salário é o pior das estatais. Só o plano de saúde, pra quem é cadastrado, leva quase um terço do nosso salário. E agora arrancaram os nossos benefícios”, enfatizou Higor Mendes. Ainda de acordo com a entidade, em 2019 foram entregues mais de 10 bilhões de correspondências.
Fonte: Varginha Online
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