Experiência de imigrantes haitianos inspira alunos em escola de Varginha






(Foto: Divulgação )
A Escola Estadual Coração de Jesus realizou na última quarta-feira, 17, uma roda de conversa com imigrantes haitianos residentes em Varginha. A iniciativa surgiu a partir de uma aula de língua portuguesa, onde os alunos confrontaram senso comum e senso crítico em relação a realidade vivida por imigrantes haitianos no Brasil. “Nossa ideia era que entendessem o papel da língua enquanto instrumento de construção e veiculação de preconceitos e intolerâncias que encontramos em nossa sociedade”, revela o professor Wender Reis.

Batizada de “Fala aí, imigrante”, a iniciativa ultrapassou a sala de aula quando a curiosidade dos estudantes do projeto telessala, 9º ano do ensino fundamental, despertou o interesse de estabelecer um contato real com imigrantes. O convite aconteceu e a resposta entusiasmou os alunos que puderam aprender sobre as motivações que trazem imigrantes haitianos até o Brasil, suas tradições, cultura e as dificuldades enfrentadas pelo Haiti, país mais pobre das Américas. “Deu para perceber que, com todas os problemas que enfrentam, são pessoas muito batalhadoras”, conta o estudante Thiago Caldonazo, 15.

Para o professor Muller Souza, corresponsável pela iniciativa, experiências como essa são importantes para resgatar a autoestima de imigrantes que sofreram em seu país de origem e ainda são alvo de preconceito e vulnerabilidade no Brasil. “Eles passam por situações muito difíceis por aqui. É enriquecedor ver adolescentes curiosos, dispostos a ouvi-los”.

Francilis Pierre, 29, Esaïe Saint Fleur, 35, e Ostin Claudia, 22, se sentiram à vontade para compartilhar seus desejos. “Viemos ao Brasil para trabalhar, mas a crise financeira do país tem dificultado conseguir trabalho”, revela Pierre, que contou ainda ter a intenção de trazer os três filhos que permaneceram no Haiti.

Segundo o professor Wender Reis, o encontro irá se desdobrar em mobilização de toda a escola para apoiar os imigrantes a fim de que consigam um trabalho. “Temos agora a oportunidade de agradecer e, além do mais, dar o nosso apoio e mostrar nossa preocupação mostra que a escola está no caminho certo ao se posicionar contra preconceitos e discriminações”, conta.

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