Serviço de Hemodiálise de Varginha atende mais de 160 pacientes da microrregião







O Ministério Público Federal está apurando possíveis falhas no atendimento a pacientes renais crônicos. O procurador Helder Magno da Silva conduz o inquérito. Estes pacientes precisam passar por tratamento três vezes por semana.

No Sul de Minas, os pacientes renais que precisam de hemodiálise dispõem de boa rede de atendimento.

Na microrregião de Varginha, 162 pacientes são atendidos pela Nefrosul, anexa ao Hospital Bom Pastor. Atendem também pacientes de Três Pontas, Santana da Vargem, Boa Esperança, Eloi Mendes, Cordislândia, São Gonçalo do Sapucaí, Campanha e alguns pacientes de Carmo da Cachoeira.

Além do médico responsável, o nefrologista Raimundo Nonato Castro Andrade, todos os outros médicos e enfermeiros são especialistas na área. No local também há equipe multidisciplinar composta por assistente social, nutricionista e psicólogo.

No Sul de Minas há tratamentos para pacientes renais em Alfenas e Machado, Lavras, Passos e Piumhi, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Extrema, São Lourenço, São Sebastião do Paraíso, Três Corações e Itajubá.

Em Minas

Conforme mostrado em matéria do Jornal O Tempo, a situação de quem precisa desse tipo de tratamento não é tão tranquila em outras regiões de Minas. Em 23 das 77 microrregiões de Minas não há unidades de hemodiálise ou diálise peritonial, os dois tratamentos existentes.

Os “vazios assistenciais”, como são chamados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), correspondem a quase 30% das microrregiões, áreas formadas por um conjunto de cidades onde deveria existir ao menos um polo responsável pelo atendimento. “Não é possível que a geografia vá ditar a regra do jogo, que a pessoa que nasce no lugar ‘errado’ vá morrer por falta de assistência”, lamenta a promotora de Defesa da Saúde Josely Ramos Pontes. Quem mora nesses locais tem que se deslocar até 300 km para chegar a um município com o serviço.

O estudo “Rede de Atenção ao Portador de Doença Renal Crônica”, feito pela SES no fim de 2015 – mas que se mantém atualizado – mostra que os principais vazios estão na macrorregião Nordeste, onde há cinco microrregiões sem nenhum serviço ao paciente renal. Em seguida, vêm a Norte e a Leste, com quatro áreas cada uma, a Sudeste, com três, e a Jequitinhonha, a Sul e a Centro, com duas.



Desassistência

A coordenadora da Rede de Atenção a Doenças Crônicas do Estado, Márcia Dayrell, explica que as cidades que compõem as microrregiões são responsáveis por garantir os serviços de média complexidade – enquanto as macrorregiões ficam a cargo da alta complexidade. “Mas a hemodiálise, apesar de ser de alta complexidade, é um serviço que deve estar na microrregião, porque o paciente precisa dele no mínimo três vezes por semana”, avalia Márcia.

No entanto, o que se vê é uma desassistência no setor. Segundo o presidente da Sociedade Mineira de Nefrologia, Daniel Calazans, nos últimos 15 anos houve um aumento de 135% no número de pacientes renais crônicos no Brasil, entre outros fatores, porque surgiram mais casos de hipertensão arterial e diabetes mellitus (as duas principais causadoras da doença renal). Hoje, cerca de 112 mil pessoas fazem diálise no país; 11 mil em Minas. O crescimento da assistência, por outro lado, foi de 35% no mesmo período, fase em que ao menos 77 clínicas fecharam as portas no país.

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