Cafeicultores do Sul de Minas, vinculados à Cooperativa Mista Agropecuária de Paraguaçu (Coomap), foram, em abril passado, à feira de cafés especiais SCAA (Speciality Coffee Association of America), realizada em Atlanta, Geórgia/EUA; em junho, estiveram na similar europeia (SCAE), ocorrida em Dublin/Irlanda. Em setembro, desta vez em companhia de membros da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (Coopfam), também do Sul mineiro, o destino foi a feira do Japão. Nas três missões, os empresários contaram com o apoio do Sebrae Minas, que lhes destinou consultorias e capacitação em métodos de gestão e comércio internacional, providenciou encontros com compradores de várias partes do mundo, auxiliou na logística e nas traduções. No final de 2016, os cafeicultores contabilizaram os bons resultados, frutos dos contatos mantidos naqueles eventos: 2,5 mil sacas exportadas de café fino para países como Alemanha, Itália e EUA e um faturamento de R$1,8 milhão.
As ações dos agricultores, capitaneados pelo Sebrae Minas, fizeram parte de um pretenso projeto de internacionalização das cooperativas. “São, na verdade, ações de internacionalização. Os grupos têm demandado mais informações sobre exportação direta, pois a grande maioria faz as vendas por meio de tradings”, explica a analista da Unidade de Mercado do Sebrae Minas, Raquel Brasil. Como parte dos preparativos para as viagens, a instituição (numa junção da Unidade de Mercado com a Regional Sul) promoveu um “Workshop de internacionalização”, em Varginha, quando reuniu dezenas de produtores, aos quais forneceu orientações sobre cultura exportadora acerca de temas como logística, marketing e comércio exterior. “O foco era tratar esses temas para as exportações diretas, bem como avaliar os riscos para que cada cooperado pudesse prosseguir com seus desafios e alcançar mercados potenciais”, completa Raquel.
Qualidade que vem do Sul
O Sul de Minas é uma das mais destacadas e a mais longeva das regiões mineiras produtoras de café. Ali estão cerca de 7,8 mil produtores, sendo 89% de agricultores familiares. A safra anual chega a 1,3 milhões de sacas, retiradas de 69 mil hectares por uma mão de obra em torno de 150 mil trabalhadores, nos diversos patamares da cadeia produtiva (do plantio à classificação do grão). Por ser uma das regiões de maior altitude do Brasil, variando entre 900 e 1400 metros, e ser constituída por uma topografia muito particular, com padrão climático diferenciado, está apta à produção de cafés de alta qualidade.
O café sul-mineiro é encorpado, com aroma frutado e levemente ácido. Os principais municípios produtores são: Alfenas, Andradas, Fama, Guaxupé, Itajubá, Muzambinho, Passos, Paraguaçu, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucaí, São Sebastião do Paraíso, Três Corações, Três Pontas e Varginha. Em Poços de Caldas, o café foi um dos principais responsáveis para que a cidade se tornasse a primeira do Hemisfério Sul a conquistar, em 2012, o título de Fair Trade Town (Cidade de Comércio Justo). Fair Trade é a prática comercial cuja essência defende preços que permitam uma vida digna aos produtores, igualdade de gêneros, respeito aos direitos humanos e proteção ambiental.
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