Um encontro de gerações está proporcionando bem-estar a 38 idosas que residem no Lar da Vovó, no bairro Jardim Paquetá, em Belo Horizonte. Adolescentes que cumprem medida de internação no Centro Socioeducativo São Jerônimo estão cuidando das mãos e pés das idosas que residem no asilo.
A ação é resultado do curso “Spa dos pés e mãos” oferecido como capacitação para dez jovens. Agora, elas praticam o aprendizado com as senhoras que ali vivem.
Larissa Lopes tem apenas 14 anos. Ela cumpre medida socioeducativa há quatro meses e é uma das adolescentes que concluíram o curso oferecido ao longo de uma semana para as meninas do Centro São Jerônimo.
Para Larissa, a sua primeira experiência cuidando das mãos e pés das “velhinhas” foi gratificante. “Estar aqui é uma distração para mim. É muito bom poder cuidar um pouco delas e praticar o que eu aprendi no curso”, diz a jovem, que sonha em um dia ainda cursar medicina.
A primeira “cliente” da Larissa é uma senhora vaidosa e ansiosa. Dona Anita Alves Ferreira tem 68 anos e há um ano e meio reside no asilo. Sem familiares, foi para lá depois de uma internação. Agora não existe mais solidão na sua rotina.
Os dias são divididos com as companheiras que, assim como ela, são cheias de história para contar. A despeito da dificuldade em se comunicar, Anita é falante. Não resiste a um esmalte e está adorando a visita quinzenal das adolescentes.
Bruna Almeida massageia delicadamente a palma da mão da dona Floripes Campos. Os movimentos leves e cuidadosos foram treinados durante as aulas. É a segunda vez que a jovem de 19 anos vai à Casa da Vovó levar um pouco de amor e solidariedade. Floripes cantarola sem parar enquanto recebe massagem. Aos 89 anos, ela ostenta cabelos bem arrumados, uma leve maquiagem, colares e brincos cuidadosamente escolhidos para combinar com as roupas.
A adolescente está no São Jerônimo há dois meses, mas já ficou internada em 2013 e 2014. Está de volta porque não retornou para a unidade depois da sua última saída temporária. Longe da família, que mora em Alpinópolis, ela diz que cuidar das idosas lhe faz bem.
“É um momento que posso me desligar da realidade e ajudar o próximo. Elas ficam felizes em fazer as unhas e eu me sinto produtiva”, diz a jovem.
Segundo a assistente social do Lar da Vovó, Lucimar Nascimento, a presença das adolescentes tem feito bem para as idosas. “Muitas das moradoras do asilo têm um histórico de violação de direitos e abandono. Grande parte das idosas está acamada e não tem contato com familiares. Temos uma idosa que está aqui há mais de 20 anos. A mais velha tem 104. Os trabalhos voluntários são muito bem-vindos. Eles alegram o ambiente e faz o dia delas mais felizes”, ressalta a profissional.
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