Os dois médicos cubanos que estão em Varginha, parceria da Secretaria Municipal de Saúde com o Governo Federal, não estão indo embora em dezembro. A informação é relevante uma vez que mais de mil profissionais estão retornando a Cuba em dezembro.
Há o receio de que as cidades cujos médicos serão substituídos fiquem até 90 dias sem os profissionais.
Segundo informações do Secretário Municipal de Saúde, José Antonio Valério, os dois médicos cubanos que estão em Varginha não estão indo embora porque têm contrato ainda por um ano.
“Eles renovaram os contratos de aluguel há alguns dias, gostam da cidade e estão tranquilos”, disse o secretário.
Apesar da saudade do filho e do marido que estão em Cuba, a médica Kirênia Hernandes Estrada já se acostumou com os hábitos dos varginhenses. Ela chegou ao Brasil em 2014 e antes de chegar a Varginha esteve por oito meses e meio na cidade de Virgolândia, uma cidade com pouco mais de seis mil habitantes, próxima a Governador Valadares, no Vale do Rio Doce.
A dra. Kirênia, como é conhecida por seus pacientes, atende na Unidade Básica de Saúde do Bairro de Fátima. Quando concedeu entrevista ao Gazeta de Varginha, em janeiro de 2015, já se comunicava bem na língua portuguesa.
Na UBS do Bairro Corcetti está o médico Alexei Rodrigues Vasquez, 33 anos, o outro cubano na cidade. Ele conta com a aprovação da comunidade e dos funcionários da UBS. Ele também tem mais um ano de contrato com a Prefeitura de Varginha.
Médicos cubanos estão deixando o país
Até setembro último, 11.400 profissionais cubanos trabalhavam no Mais Médicos. Eles representam a grande força do programa, criado em 2013 em uma resposta às manifestações populares que reivindicavam melhoria de acesso à saúde.
Ao todo, o Mais Médicos reúne 18.240 profissionais, dos quais apenas 5.274 são brasileiros. Outros 1.537 são profissionais que obtiveram diploma no exterior.
Os profissionais cujos contratos venceram estão sendo substituídos por outros, enviados de Cuba ou brasileiros.
A previsão é de que 1.384 médicos cubanos cheguem em dezembro. Outros dois mil devem desembarcar no Brasil entre janeiro e fevereiro. “O problema é que ao chegar, eles não podem ir direto para cidades”, afirmou Neilton Oliveira, do Ministério da Saúde.
Ele conta que um esforço está sendo realizado para tentar tornar mais ágil os preparativos, que envolvem a abertura em conta em um banco brasileiro, o registro temporário que autoriza o exercício de Medicina no País, a designação e o deslocamento para cidades. “São várias áreas envolvidas. Ministério da Saúde, da Defesa, da Educação”, completou.
O receio é de que os municípios fiquem mais de 90 dias sem assistência, o que poderia levar a uma interrupção no direito de cidades receberem uma parcela de recursos do Ministério da Saúde. “Estamos trabalhando para isso não acontecer. Não vai acontecer”, disse Oliveira.
O Ministério da Saúde renovou em setembro o contrato com a Organização Pan-Americana de Saúde para recrutar profissionais cubanos para participar do Mais Médicos. No acordo, no entanto, foi acertado que profissionais que já tenham cumprido três anos de serviços no Brasil regressem ao país de origem e deem lugar a profissionais que já estão sendo treinados em Cuba.
Até agora, uma turma já se formou. Outra deverá concluir o curso em meados de dezembro.
A estimativa é de que até o fim deste mês 4 mil cubanos que atualmente trabalham em municípios brasileiros retornem à ilha. “Eles estão sendo e continuarão sendo substituídos. E a velocidade deverá ser acelerada”, disse o secretário.
Outro fator que retarda o processo de substituição é a necessidade de se preencher, num primeiro momento, as vagas com profissionais brasileiros. Os primeiros postos abertos são agora alvo de um edital, para que médicos formados no Brasil possam disputar as vagas. A previsão é de que o processo termine neste mês.
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